Um retrato da cobertura de moda por diferentes olhares
Este site é um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Jornalismo, desenvolvido na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), que retrata as semelhanças e diferenças da cobertura de moda por jornalistas e influenciadores.
O jornalismo de moda passa a ganhar força no Brasil a partir da segunda metade do século XX. Com a expansão das tecnologias e mudanças da sociedade, blogs de moda se espalharam pela internet transformando a cobertura de moda.
Embora tratem do mesmo tema, jornalistas e influenciadores podem utilizar metodologias distintas no momento de produzir conteúdo. As características do trabalho de cada um deles são retratadas nesta editoria.
Quem fala sobre moda? Nesta editoria você encontra o perfil de uma blogueira e de uma jornalista para entender melhor quem está por trás da produção de conteúdo
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As publicações de moda no Brasil passaram a circular a partir do ano de 1827, com o lançamento da revista feminina Espelho Diamantino. A publicação, voltada “às senhoras brasileiras”, trazia assuntos de arte, moda e até política em suas páginas. Com o passar dos anos, outras revistas do segmento surgiram, mas e, somente ao fim do século XX, com uma mídia expandida e desenvolvimento da indústria, que o jornalismo de moda se estabelece como editoria.
Para Larissa Molina, doutoranda em comunicação e cultura contemporânea pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisadora no núcleo de estudos em jornalismo, a cobertura de moda não pode ser tratada como algo para além do jornalismo. “Na verdade eu não vejo o jornalismo de moda separado do jornalismo, eu enxergo como uma intersecção entre dois campos sociais: o campo da moda e o campo do jornalismo.” Ainda que essa área tenha as suas particularidades, ela ainda deve seguir as normas e condutas pré-estabelecidas sobre a profissão.
Com a popularização da internet e da moda no Brasil, outras formas de cobrir o segmento começam a ganhar espaço. Inspirados no cenário internacional, começam a surgir os primeiros blogs brasileiros que abordam o assunto. No livro “De blogueira à Influenciadora”, da pesquisadora Issaaf Karhawi, a autora aponta que os blogs de moda surgem da vontade dos consumidores de conteúdo de se inserirem naquele universo. Com foco no estilo pessoal dessas blogueiras, no início desse movimento, a intenção era compartilhar o hobby com outras pessoas na internet.
As características principais de um blog envolvem ter uma linguagem simples, interagir de maneira casual com seus leitores e contar com uma maior variedade de conteúdo multimídia. A combinação desses atributos resultou na expansão desse segmento, que atualmente atingiu um nível de profissionalização. Alline Cury, hoje líder da área de marketing da , mas que já passou por redações como Glamour, Vogue e IG, atribui o sucesso à identificação: “eu quero me conectar com uma pessoa que tem a ver comigo. Então, se a Vogue tá me dizendo se isso é tendência ou não, pouco me importa”.
As blogueiras, que antes compartilhavam suas vidas na internet apenas como um hobby, passaram a ser a fonte de informação de muitos consumidores de moda, além de levar para o seu blog formatos diferentes de publicidade, que antes não passavam de anúncios nas revistas. “Acho, sim, que as influenciadoras e blogueiras comeram realmente um pedaço da comunicação”, diz Alline.
Com o passar do tempo, as blogueiras de moda deixaram de ocupar apenas aquele espaço onde publicavam seus textos. Enquanto grande parte da mídia tradicional não se digitalizava, a expansão das redes sociais impulsionou ainda mais o crescimento dessas personalidades na internet. Alline Cury reflete sobre como o jornalismo lidou com isso: “acho que eles [a mídia tradicional] não acreditaram muito na força do digital e nessa virada que a gente ia ter, na potência das redes sociais. Quando eu estava na Globo Condé Nast, [grupo no qual Glamour e a Vogue fazem parte], eu percebia que Glamour, por ser uma revista mais jovem, já era muito mais digital, tinha uma força digital muito mais forte”.
Ao falar de revistas com o perfil jovem, vale a pena citar a Capricho. A publicação, voltada para as adolescentes, passou por uma digitalização que, inclusive, resultou na extinção da edição impressa. Thiago Theodoro foi diretor da revista nesse período e conta que houve uma sobrecarga de trabalho do jornalista. Ele lembra que isso aconteceu justamente no momento do enxugamento das redações, contribuindo para o acúmulo de tarefas.
Outro fator importante desse momento em que as revistas de moda passaram a se digitalizar foi a necessidade de adaptação do conteúdo para esse universo por pessoas que até então não possuíam essa especialização. “Quando a digitalização veio para ficar, as pessoas, que eram repórteres de texto, tiveram que fazer foto, texto, vídeo aparecer no YouTube, aparecer no Instagram. Então, os cargos ganharam múltiplas funções e eu vejo que houve uma sobrecarga do profissional”, revela Thiago.
Outra dificuldade que a marca encontrou com o avanço dos influenciadores foi a concorrência de público: “você passa a dividir esse espaço com influenciadores que de fato personificam muitas vezes aquele público. [Eles] Não só têm a idade daquele público, como vivenciam exatamente o que eles estão passando. Não havia mais o trabalho de traduzir aquele universo para essa menina, uma vez que você tem uma menina igual a ela falando dos mesmos assuntos”.
Numa tentativa de competir com esse mercado de influenciadores, Thiago conta que a marca passou a lançar seus próprios influenciadores: “havia um dinheiro só para a área de talents e isso deu muito certo. Não só com a Manu Gavassi, como com os colírios… E as próprias pessoas da redação se tornaram celebridades, como é o caso da Karol Pinheiro”. No entanto, o jornalista entende que essa não foi a melhor estratégia: “eu acredito que a natureza do negócio não foi muito bem entendida pela empresa. Então, uma coisa é você saber fazer revista, saber fazer site, fazer o produto editorial, outra coisa é você ter uma agência de talento”.
A partir do momento em que os veículos passam a estar inseridos no mundo digital e as redes sociais se expandem, influenciadores e jornalistas começam a conviver no mesmo universo. Nessa convivência é possível notar onde estão as principais semelhanças e diferenças, sejam elas nas referências, formatos ou temas.
Giovanna Bertozzi, influenciadora digital, diz o que sente de maior diferença entre acompanhar a moda por revistas ou por perfis nas redes sociais: “nas revistas e nas plataformas de moda que são maiores, eles falam muito sobre serem imparciais. Porque eles vão falar representando um veículo e dando uma visão mais geral do assunto. Enquanto isso, o influenciador vai dar muito mais a sua opinião”.
Além dessa diferença, é importante notar também a diferença das referências de cada um dos grupos ao criar conteúdo: as plataformas acabam se retroalimentando, ou seja, influenciadores digitais acabam se pautando no que outros influenciadores produzem. Giovanna conta que está sempre atenta ao que outros criadores de conteúdo estão produzindo e utiliza isso como inspiração para suas publicações. Enquanto isso, os jornalistas costumam fazer um acompanhamento mais amplo, voltado tanto para a produção de outros veículos quanto para a cobertura do que está no digital. Giuliana Mesquista, repórter de moda da Elle Brasil, relata: “esse acompanhamento vem de outros veículos, nacionais e internacionais, de acompanhamento de marcas e do que está sendo produzido nas redes sociais”.
Outro fator que Giuliana destaca é a diferença de conteúdo para cada formato: enquanto existem conteúdos que funcionam melhor em vídeos mais curtos, no Tik Tok, por exemplo, outros merecem maior aprofundamento e funcionam bem nas revistas. “Na revista, hoje em dia, o conteúdo é um pouco mais denso, com entrevistas maiores, com textos que demoram mais para serem feitos. Então, eu acho que o conteúdo é mais bem trabalhado na edição impressa, porque tem mais tempo para produzir ele.”
Com o crescimento das influenciadoras de moda na internet e sua profissionalização, as marcas começaram a perceber nesse conteúdo uma oportunidade de colocar seus nomes em evidência. Issaaf Karhawi ressalta que no início das publicidades por blogueiras foi possível notar uma quebra de confiança entre elas e seus leitores, uma vez que a espontaneidade do conteúdo era deixada de lado.
Foi importante que as influenciadoras reconstruíssem sua imagem e credibilidade frente a audiência e que o público fosse educado para entender a dinâmica das publicidades nos perfis que acompanhavam. Ainda assim, Giovanna Bertozzi avalia que é preciso balancear o conteúdo entre uma coisa e outra para não perder a autenticidade: “eu costumo balancear os conteúdos, então nunca posto duas publicidades seguidas, sempre coloco um conteúdo autoral entre elas”. Outra coisa que Giovanna costuma fazer em seu perfil é tentar integrar a publicidade em um conteúdo que já seria feito: “ não foco tanto na marca, eu foco mais um conteúdo, como o de inspiração de looks, por exemplo, e bem no final eu falo sobre a marca que me contratou”.
O jornalismo também passou a incorporar a publicidade em seu conteúdo por meio do branded content, onde uma marca paga para que uma matéria seja feita, geralmente citando seus produtos. Larissa Molina enxerga algumas ressalvas quanto a esse tipo de conteúdo: “às vezes o veículo passa a ser uma revista de marca, mas a moda vai muito além disso, a moda é comportamento, estilo de vida e identidade. Então, o jornalismo não pode ficar preso a uma ou outra marca, ele precisa estar livre para cumprir seu propósito informativo”. Para ela, a parte positiva dessa interferência das marcas no conteúdo é que, além de ajudar a manter o jornalismo financeiramente, é uma forma de munir o consumidor de informação sobre produtos que podem, ou não, vir a fazer parte do seu cotidiano. É importante ressaltar, ainda, que o código do consumidor exige que todo e qualquer tipo de publicidade seja sinalizado. Assim, o público é capaz de entender, logo de cara, a motivação daquele conteúdo e avaliar o produto de maneira mais justa.
Alline Cury, que deixou de lado as redações para trabalhar com a área de marketing, deixa claro que essa ampla gama de espaços para expor seu produto é importante para a marca, embora torne o processo mais complexo. “Hoje em dia, com os influenciadores, a gente tem mais opções, até porque cada um deles pode alcançar um público diferente. Mas na minha comunicação eu não descarto as revistas, elas estão ali como especialistas no assunto”. Embora não descarte os veículos, ela reconhece que as influenciadoras saem ganhando nesse aspecto: “as pessoas não estão interessadas só em comprar uma bolsa, elas querem viver o lifestyle que vem junto com essa bolsa. Por isso que as blogueiras e influenciadoras roubaram esse espaço na comunicação de moda: elas estão vendendo um sonho, elas estão vendendo um estilo de vida”.
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São 20h20. O desfile ao qual tenho acesso começa em 10 minutos, mas uma fila gigantesca me aguarda na porta do Komplexo Tempo. Nela, posso observar uma variedade de estilos que nunca antes vi. As pessoas ali esperando para adentrar ao espaço parecem aproveitar o São Paulo Fashion Week para usar as roupas mais diferentes do armário.
O desfile atrasa, me deixando mais tranquila para esperar ao lado de fora e observar o emaranhado de pessoas que se aglomeram. Algumas passam direto, outras eu já reconheço e provavelmente estão por ali para desfilar. Finalmente entro no espaço e, nesse momento, percebo: o meu tipo de ingresso não precisava de fila. Os últimos 25 minutos de espera poderiam ser evitados com uma simples pergunta: “ingressos comprados pela internet entram por essa fila também?”.
Em um cenário repleto de luzes e com uma música eletrônica ao fundo, estudantes de moda, professores, empreendedores, jornalistas, influenciadores e entusiastas do assunto se misturam. A sala de desfile está cheia e logo nas primeiras filas posso avistar alguns rostos conhecidos. São influenciadores digitais, mas não do ramo da moda. Entre ex-BBBs e subcelebridades posso avistar alguns jornalistas se esgueirando a fim de conseguir bons retratos, ou apenas uma boa memória para uma futura análise.
Após um desfile vibrante, com vários nomes influentes de atores, cantores e criadores de conteúdo, a sala –antes abarrotada– se esvazia e os corredores ao seu redor passam a ser grandes encontros. Encontros entre amigos, entre jornalistas, entre conhecidos da internet. Entre conhecidos da internet e jornalistas. Nesse momento é difícil identificar quem é quem. Só se percebe quem é do jornalismo pela correria para a sala de imprensa ou atrás de algum entrevistado A presença dos influenciadores só é notada no momento em que furam uma fila para tirar foto no cenário em que outras 15 pessoas aguardam para fazer o mesmo.
Fico mais algum tempo andando pelo lounge, observando aqueles que por ali passam, mas uma coisa me chama a atenção: a diversidade. Sempre tive a impressão do São Paulo Fashion Week ser um evento branco, mas me dei conta de que não, não era. Pelo menos nessa edição, que trazia como tema “Origens”, pude notar que a presença negra no evento não era apenas figurativa. Com roupas cheias de expressão, pessoas pretas marcaram presença dentro e fora do desfile. Com essa sensação de alegria e orgulho retorno para a casa e aguardo pelo próximo dia de desfile.
Volto ao Komplexo Tempo dois dias depois. A fila, antes gigantesca, do lado de fora já não está mais tão grande assim. Dessa vez, percebo ainda menos influenciadores no ambiente e os jornalistas já não identifico mais: suas credenciais passam a andar no bolso ao invés do pescoço. O desfile dessa vez comporta a quantidade de pessoas adequada para a sala, o que torna mais confortável a experiência, porém menos emocionante. Outra notória diferença foi o número reduzido de pessoas influentes na passarela, o que pode justificar o menor alvoroço daquela marca.
Observando a cobertura de moda pelas diversas vertentes de conteúdo, é possível notar a preferência das marcas por comunicadores autônomos - como alguns jornalistas se referem aos influenciadores digitais. E não tem como não se questionar o motivo que leva as marcas a fazerem essa escolha.
O jornalista de moda é, ainda que de maneira menos parcial, um jornalista de opinião. Os veículos do segmento são responsáveis por levar tendências até o seu leitor, que para as marcas, são consumidores. Por esse ponto de vista, torna-se quase que natural que a marca dê prioridade para influenciadores. Enquanto o jornalista fica escondido atrás da notícia, o influenciador se coloca à frente, quase tornando ele e a notícia a mesma coisa.
O São Paulo Fashion Week ainda deixa uma outra reflexão: onde estão os grandes influenciadores de moda? Nos desfiles em que estive presente, ex-BBBs ocupavam as primeiras fileiras. No Tik Tok, é possível encontrar vídeos defendendo que o evento deveria permanecer apenas para convidados, as pessoas não deveriam comprar um ingresso. A impressão que fica é que o maior evento de moda do país parece ter perder o glamour ao furar a bolha – ou será que foi no momento em que passou a ter a ancestralidade como tema central?
Então, se os grandes influenciadores do segmento não estão interessados e os jornalistas são negligenciados, com quem fica a cobertura séria e justa do evento?
Contribuíram para esta crônica:
Gabriel Fusari
Giuliana Mesquita
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A rotina de produção de conteúdo voltada para o universo da moda pode ter diversas facetas, formatos e abordagens. Seja dentro de uma redação jornalística ou dentro da casa dos influenciadores, antes do conteúdo chegar ao público final, ele precisa passar por alguns processos, que se diferenciam a depender do objetivo.
Uma postagem no Instagram, a análise de um desfile e a reportagem de uma revista, passam por processos distintos de produção, mesmo abordando um tema comum: a moda. Isso acontece porque cada plataforma precisa de um formato diferente para alcançar o público final da melhor maneira.
Rafaela Fleur, jornalista especializada em moda e cultura, reforça a diferença entre a produção de conteúdo online e impresso das grandes redações. Atualmente trabalhando na Glamour, ela descreve o processo online como algo muito mais dinâmico e factual, além de ter uma demanda maior por audiência para facilitar a venda de espaços publicitários. “Fazemos uma ronda matinal em vários jornais do mundo para entender o que as pessoas estão falando e, a partir disso, a gente constrói a nossa pauta do dia”.
Além de ressaltar que os veículos devem sempre seguir uma linha editorial, a jornalista ainda destaca a diferença das produções feitas para o site e para a revista. “O processo de pauta do site é muito mais quente, muito mais rápido e tem uma preocupação muito maior em entregar a notícia de forma efetiva e rápida, sem necessitar de uma superprodução por trás. A revista impressa hoje, no Brasil, é um produto premium, caro, e exige muito investimento. Então, ele é sempre feito com mais atenção”.
A multiplicidade dos conteúdos de moda não está apenas em sua forma de publicação. Revistas e sites consolidados se destacam por trazer as diversas facetas de moda para o conteúdo. “Cobertura de moda pode ser várias coisas. Eu posso cobrir um desfile e isso vai ser uma análise mais crítica. Eu posso fazer uma matéria de tendência e fazer listas de tendências de verão, por exemplo. Ou eu posso pensar em uma super-reflexão conectada com análise sociocultural sobre alguma tendência”, diz Rafaela.
Já para os criadores de conteúdo para redes sociais, o processo pode ser um pouco distinto. Malu Borges é influenciadora digital e produz seu conteúdo de moda muito mais voltado para o seu dia a dia do que olhando para fora. “Acho que eu nem consigo me definir em um estilo pessoal... Acho que as pessoas que me seguem conseguem justamente me ver em vários universos diferentes e isso é muito legal”. Em seus vídeos da tag “get ready with me” (ou “arrume-se comigo”, em português) a influenciadora costuma montar looks extravagantes e cheios de personalidade. “Como a gente vive nesse mundo, a gente consome as tendências do momento… Então, a gente não escolhe a tendência para o post, mas a gente acaba trazendo ela para o look e, consequentemente, traz isso para a publicação”.
@maluborgesm Ready to go with @reservago ICONIC YANKEE #grwm #tiktokfashion #maluborges ♬ som original - MALU BORGES
Justamente por ter seu conteúdo de moda atrelado à sua vida pessoal, sua rotina já está imersa nesse universo. “A gente tem que viver de acordo com os posts, criar o melhor cenário possível dentro de viagens. Criar coisas legais dentro de dias que obviamente podem ser completamente comuns. Às vezes, maquiar as coisas para se tornarem bons conteúdos”, ressalta Malu, evidenciando o papel da organização no dia a dia.
Hoje em dia, além de produzir posts distintos para cada rede social, outro fator que influencia o processo de criação da influenciadora é a parceria com as marcas – um eufemismo para se referir a conteúdo pago. “A partir do momento em que a gente fechou com a marca e escolheu as peças que a gente vai falar, a gente pega o briefing da marca e cria o nosso briefing”. Esse processo é pensado para que o conteúdo não destoe dos posts que o público já está acostumado a assistir naquela conta.
Embora tanto os veículos jornalísticos quanto os influenciadores abordem os mesmos assuntos, para Rafaela Fleur nenhum dos dois passa a ser uma ameaça ao outro: “São experiências muito diferentes com esse conteúdo de moda. Eu acho que elas não estão em níveis de comparação. Inclusive, eu acho que são coisas complementares. Uma revista de moda é, antes de tudo, uma empresa que tem um compromisso com a informação de maneira mais coletiva. A gente tem ali várias pessoas trabalhando juntas, escrevendo juntas e pensando juntas. Já um influenciador é ele por ele. O perfil dele é o posicionamento dele, é muito mais livre”.
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Tanto os veículos jornalísticos quanto os influenciadores precisam de uma forma de financiar o seu conteúdo. Nesse podcast, entrevistamos Rayza Nicácio, influenciadora digital, Giuliana Mesquita, jornalista e Thiago Theodoro, também jornalista, para entender a dinâmica de monetização do conteúdo.
Confira a reportagem abaixo:
Locução, roteiro e produção: Vanessa Evelyn
Edição: Karina Tarasiuk
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Conversamos Gabs Floquet, influenciadora de moda, beleza e autoestima, para entender sua rotina de produção de conteúdo e o que a levou a seguir carreira na internet.
Confira a reportagem abaixo:
Roteiro e produção: Vanessa Evelyn
Edição: Karina Tarasiuk
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Na sala de casa, a pequena Mônica observava sua mãe folheando as páginas de uma revista repleta de imagens de mulheres poderosas. A Vogue, ou a Interview que a mãe de Mônica lia, despertaram nela o desejo pelo jornalismo e, principalmente, pelo jornalismo de moda, com conteúdos, em suas palavras, “mais glossy”.
Sua admiração pela moda vem do fascínio pela maneira com que esse universo transforma pessoas e transmite diversas mensagens. A jornalista enxerga na moda, além do realce da personalidade de cada um, a capacidade de contar ao mundo uma história e refletir o que a sociedade de cada tempo vive.
Com passagem pela Vogue, a jornalista também foi responsável pela implementação da revista Glamour no Brasil e, durante esse período, se dedicou a levar as mudanças que as redes sociais causaram no mundo para a revista. Para ela, não fazia sentido que uma revista que surgia na virada dos anos 2010 não trouxesse em seu conteúdo os avanços pelos quais a comunicação passava naquele período.
Sua ligação com redes sociais e trajetória na Glamour fez com que, ao mesmo tempo em que trabalhava como jornalista, se tornasse uma personalidade influente na internet. Assim, ao decidir deixar a redação, em 2016, migrar para a produção de conteúdo e lidar com o mercado de influenciadores foi um passo natural da sua carreira.
Para Mônica, ser uma jornalista e, principalmente, jornalista de moda há muitos anos, permite uma certa vantagem em relação ao trabalho na internet. Com 25 anos de carreira, já pôde passar por grandes transformações e, com isso, adquirir muito conhecimento sobre moda, tendências e comunicação.
Em 2019, Mônica estreou a primeira edição do Talk com Môni, um evento dedicado a criadores de conteúdo que propõe discutir tendências, mercado e produção. Em formato de festival, com diversos convidados, palestras e workshops, ele tem como objetivo suprir uma demanda do mercado de networking e profissionalização.
Em 2019, Mônica estreou a primeira edição do Talk com Môni, um evento dedicado a criadores de conteúdo que propõe discutir tendências, mercado e produção. Em formato de festival, com diversos convidados, palestras e workshops, ele tem como objetivo suprir uma demanda do mercado de networking e profissionalização.
O evento já está em sua terceira edição, e a última, realizada em maio de 2023, reuniu cerca de 600 pessoas em São Paulo.
Para Mônica, o conhecimento sobre moda já está pulverizado, e muito embora um jornalista tenha alguma vantagem teórica por ter estudado sobre o assunto, ele deixou de ser o detentor da verdade e do conhecimento simplesmente por carregar o diploma.
Mônica percebe que é necessário que o jornalista aproveite as facilidades que as redes sociais e a internet possibilitam para se reinventar e se destacar, uma vez que agora eles possuem acesso ao que está acontecendo de mais empolgante na moda mundial pelo celular. Para ela, era impossível pensar em um cenário como esse há 20 anos, já que apenas alguns poucos jornalistas tinham acesso a informações verdadeiramente relevantes.
Ao destacar que um dos pés do jornalista precisa estar no futuro, Mônica deixa claro que é necessário que os profissionais da área se reinventem a cada dia para conquistar seu espaço em meio a tanta concorrência no mundo digital.
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vanessaevelyn@usp.br
Entusiasta do universo de moda e beleza, descobriu através dele a possibilidade de desbravar novos horizontes e fazer parte da vida das pessoas por meio do jornalismo. Aos 23 anos, a filha do André e da Evandra, é estudante de jornalismo e não perde a oportunidade de ouvir uma boa história e navegar pelas diversas facetas da comunicação.
Em seus primeiros passos como comunicadora, teve a oportunidade de trabalhar com redes sociais em dois momentos: como estagiária na Agência Estufa e como diretora da área de mídias sociais da Jornalismo Júnior, empresa júnior de jornalismo da ECA-USP. Atuou também como redatora na Ammo Varejo e, hoje, atua na área de assessoria de imprensa da Globo.
Agradeço aos meus pais, André e Evandra, por me darem uma base sólida para construir e realizar meus sonhos. Sem o amor e o apoio incondicional deles, absolutamente nada seria possível.
Ao meu irmão, Leandro, a pessoa com quem me sinto mais confortável nesse mundo e me entende como ninguém.
Aos meus avós que, com todo carinho e cuidado, torcem e vibram a cada simples conquista da minha vida. Essa, sem dúvidas, é das mais especiais.
Aos meus amigos. De infância, por me verem crescer e continuarem comigo. De escola, por segurarem a minha no momento decisivo que me permitiu chegar ao dia de hoje (e não soltarem até aqui): o vestibular. Os de faculdade, por tornarem os últimos quatro anos os melhores da minha vida. E dentro desse grupo, especialmente aos que se tornaram Família, viver a ECA-USP com vocês deixou tudo mais mágico.
Agradeço também ao meu orientador, Rodrigo Ratier, pela paciência e dedicação ao me guiar neste trabalho.
Por último, à todos os entrevistados que cederam seu tempo para que esse projeto se tornasse possível.
Muito obrigada.
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